Uma Malla pelo mundo
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How Miami Beach is keeping the Florida dream alive—and dry.

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Beset by rising seas and indifferent legislators, the city is spending big to keep its economy above water.
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luciamalla
2956 days ago
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Miami doomsday.
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In Vietnam, a Bro, an American Family, and a Backpacker Walk Into Hoi An…

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Perched along the northern banks of Thu Bon River, Hoi An’s dazzling, UNESCO-certified Old Town buzzes with unassailable old-world charm, transporting visitors back in time to a simpler, more peaceful way of life. There’s no mistaking the town’s considerable appeal. Here bustling local markets jockey cheek-to-jowl with smart boutique hotels, hip cocktail clubs, and some of the very best, most authentic restaurants in the country. From its colorful Chinese shophouses and darling French colonial structures, to a magical riverside boardwalk, Hoi An is an ideal place in which to not just slow your journey down the Vietnamese coast, but to
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luciamalla
3023 days ago
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#Linkódromo | Os tours descolados do Aires Buenos Blog

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Buenos aires aires buenos t

Assim como a Meilin no Rio, a Maryanne em San Francisco e a Lucia Malla no Havaí (ops, tenho que fazer esse post da Lucia também!), em Buenos Aires também dá para fazer tours espertos, idealizados por um blogueiro brasileiro que leva em consideração os nossos interesses e mostra aspectos da cidade ignorados pelos tours padronizados.
O blogueiro brazuca-porteño em questão é o boa-pracíssima Túlio Bragança, do ótimo Aires Buenos Blog.
No finalz...

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luciamalla
3075 days ago
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Reading between the lines

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Uns tempos atràs, procurando inspiraçao na internet para as nossas viagens, eis que me deparo com algumas fotos de uma igreja que era quase “eterea”. Numa foto essa igreja poderia ser uma banal igreja maciça, mas nas outras fotos dava a impressao de que a igreja se diluia no ar, atè ficar transparente. Conforme o angulo da foto, a igreja era mais ou menos compacta. As fotos me deixaram muito impressionada e fui pesquisar onde fica esse lugar magico.

DSC00563

Eu jà estava esperando um lugar super remoto, daqueles onde dificilmente eu iria passar perto pelas proximas decadas. Ledo engano! Essa igreja fica na Belgica, quase na fronteira  com a Holanda e com a Alemanha, a uma hora e meia de carro de Dusseldorf, pra onde vou todos os anos no mes de novembro. Felicidade define!

DSC00569

Quer dizer, a minha felicidade… Marido nao tava muito contente com a ideia, porque dirigir 3 horas no dia, com uma criança impaciente no carro, pra ver uma igreja em menos de meia hora era muito empenho pra pouco resultado. Mas o amor è lindo e là fomos nòs.

Essa igreja, na realidade nao è exatamente uma igreja: è uma obra de arte na forma de uma igreja, chamada “reading between the lines”, de dois arquitetos belgas Pieterjan Gijs e Arnout Van Vaerenbergh localizada nos arredores de Borgloon.

DSC00587

Chegar nessa igreja è uma aventura, nao existe nenhuma indicaçao, nenhuma placa, nada… Tivemos que parar duas vezes pra perguntar. E’ sò depois que voce encontra a igreja, que as indicaçoes sobre como chegar da casa de arte contemporanea (Z33) que promove a obra fazem algum sentido.

De qualquer modo, tem que estacionar o carro na beira da estrada, num espaço vazio mais amplo, que eles chamam de “estacionamento”; atravessar a rua e seguir a pè uns 5 minutos por uma trilha.

IMG_5794

No inicio dessa trilha tem uma plaquinha indicando “Doorkijkkerkje”; è por ali. A trilha começa asfaltada, mas daì, do nada ela acaba. Antes que a vontade de mandar aquela igreja pra pqp te domine, respire fundo, e olhe ao redor. Ao longe dà pra avistar um pedaço da igreja, basta seguir em sua direçao mais alguns minutos pelo meio do mato.

DSC00573

A Doorkijkkerkje è bem menor do que eu esperava, è alta 10m, e realmente è muito empenho pra chegar. Mas se voce estiver passeando por aqueles lados e gosta de fotografia, è um lugar incrivel pra se visitar!

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luciamalla
3075 days ago
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A saga do primeiro estágio canadense

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A principal razão que orientou a minha escolha de faculdade aqui no Canadá não foi qualidade de ensino (que nem tá aquelas coisa toda), e sim a perspectiva de voltar logo pro mercado de trabalho. Foi por isso que escolhi um curso que alternava entre semestres de estudo e do tal “co-op”, que é um semestre onde você faz estágio em alguma empresa. A treta é tão séria que a preparação pro co-op é assunto de uma das matérias do curso, com professor e nota e tudo.

Imagina, cara. Eu, já tendo um bacharelado no currículo, anos de experiência de trabalho, e morando num lugar onde tem Google, IBM, Microsoft, Amazon e um monte de empresa massa pra estagiar… eu não via a hora de chegar a hora do co-op.

Acontece que a minha procura por estágio foi mais ou menos assim…

tumblr_nr7uzhXSkQ1s2yegdo1_250Parte 1: De como fui indicado pra uma vaga no Google

Logo que começou a procura por trabalho eu não quis nem saber e comecei mirando alto: pesquisei as empresas onde eu queria trabalhar e fui descobrir como estagiar nelas. Naturalmente, a primeira empresa da lista era a primeira de 11 entre 10 engenheiros de software: o Google. Mas eu sabia que simplesmente jogar meu currículo no RH deles não seria suficiente, então tentei apelar para o meu networking e, sem o menor pudor, acionei tudo que era contato do Google que eu tinha no LinkedIn e demais redes sociais.

A chance era mínima, mas deu certo – um antiquíssimo conhecido do Twitter (sempre o Twitter!) encaminhou minha indicação e o RH de lá entrou em contato comigo. Fiquei empolgadíssimo.

A empolgação durou só uns três emails, onde eu e a mocinha do RH tivemos mais ou menos o diálogo a seguir:

– Recebemos o seu currículo, mas as vagas de estágio são para quem está cursando um bacharelado.
– Eu sei – respondi, cordial. O meu curso atual me dá como título um “advanced diploma”, mas eu já sou bacharel em Ciência da Computação, então creio que eu mais do que satisfaço as condições para esta vaga.
– Sim, mas as vagas são só para quem está em um curso que concede um bacharelado no fim.
– Entendo – insisti eu. Mas veja bem, eu já tenho o título de bacharel. Na verdade, no final do meu curso eu vou termais do que o que você pede pra vaga.

É claro que não deu certo. Mas não desanimei, afinal, na paralela do Google eu estava uma metralhadora de currículos, aplicando pra tudo que era vaga de desenvolvimento de software que eu via pela frente. Era questão de tempo até começarem a aparecer as entrevistas, pensava eu.

Parte 2: O silêncio do inbox

Todo dia, depois da aula, eu chegava em casa, pesquisava as vagas de estágio, separava as que interessavam, editava meu currículo para cada uma delas e escrevia uma carta de apresentação para cada uma delas– e só após passar uma ou duas horas pesquisando sobre a empresa na internet para personalizar a carta e demonstrar o maior interesse possível.

Enquanto isso, meus colegas iam recebendo os convites pra entrevistas. “É questão de tempo, daqui a pouco vão me ligar”, pensava eu. Os meus colegas começaram a ser contratados pras vagas onde fizeram entrevistas. Eu continuava mandando currículos, às dezenas, e… nada.

Algo errado com meu currículo, talvez? Não podia ser: ele foi formalmente avaliado pela “professora” do curso de co-op e eu tirei a nota máxima tanto pra ele quanto pra minha carta de apresentação. De fato, ele tava fuderoso: tinha meu GPA(1) altíssimo, tinha meu site, meus projetos pessoais, tinha minha experiência profissional canadense, tava lindão. Ainda assim marquei uma segunda reunião com a professora pra reavaliar o CV e ela continuou falando que tava bom. Os meus colegas contratados também revisaram meu material e também ficaram sem entender por que não me ligavam pra fazer entrevista. “Você é mais bem preparado que eu pra essas vagas”, disse um deles.

Um dia, tarde da noite, frustrado, abri meu currículo pela décima nona vez e, no meio da trigésima sétima revisão, me bateu um palpite bem maldoso. Mas achei que valia a tentativa. Decidi tirar duas coisas do CV:

  • O link pro meu site pessoal
  • O local onde fiz faculdade fora do Canadá – ou seja, tirei a palavra “Brasil” do CV.

Subitamente, o telefone começou a tocar e as entrevistas começaram a aparecer. Chegou ao ponto de me ligarem até depois que eu tinha sido contratado. Eu quero muito crer que a culpa era do meu site, e não do meu país de origem, mas acho que jamais saberemos…

Parte 3: As entrevistas

Ah, as entrevistas. Teve de tudo: tive que debugar scripts PHP no “bloco de notas” de um Mac com teclado desconfigurado, tive que escrever função recursiva pra imprimir árvore binária no campo de chat de texto do Skype, tive que programar à lápis em papel… e teve também as cagadas, tipo quando uma das entrevistadoras me perguntou:

– Que sites você lê pra se manter atualizado sobre tecnologia?
– Bem, eu leio bastante coisa. Atualmente eu ando acessando muito o Hacker News

Mas ao invés de encerrar aí a resposta, eu fui tentar bancar o bonitão:

– …mas esse é bem comum, todo mundo lê.
– Pelo visto eu não sou “todo mundo” – respondeu a entrevistadora, com uma justificadíssima cara de cu.

Lá pela quarta ou quinta entrevista eu, finalmente, fui pegando o jeito. Mesmo porque o semestre de aulas estava acabando e eu precisava arrumar um estágio. O sarrafo de seleção de vagas já tava lá embaixo: eu tava mandando CV até pras vagas de – gasp! – gerente de projeto. E então, finalmente…

Parte 4: A contratação

No último post eu comentei que Eu tenho um lema de vida de que: que é extremamente negativo, mas que infelizmente se justifica todo santo dia: “expectativas levam à desapontamentos”. Lembra de quando eu comecei a caçar meu co-op, que eu tava pensando em Google e IBM? Acabou que nenhuma empresa quis me contratar.

A única vaga que me ofereceram foi no serviço público, numa divisão do Ministério da Justiça de Ontario. Em circunstâncias normais eu jamais mandaria meu CV prum lugar desses, mas a vaga pedia gente com experiência em desenvolvimento web, então lá fui eu, com a esperança de que pelo menos um Javascriptzinho eu ia fazer.

Como desgraça pouca é bobagem, eu ainda tive a desagradável surpresa de pedir pra minha futura chefe detalhar um pouco mais as responsabilidades da vaga, e eis que me chega uma lista que incluía coisas do tipo:

  • Instalar e configurar as impressoras da equipe
  • Manter o inventário dos equipamentos
  • Realizar manutenção dos cabos e equipamentos de rede, etc

Eu comecei meu semestre falando com o RH do Google e terminei prestes a virar instalador de Windows.

larrymossExpectativa (esq.) vs. realidade (dir.). De fato, meu cabelo tá mais parecido com o do Moss…

Parte 5: o fim?

Talvez vocês tenham a impressão que eu tou mais fudido que a Dilma, que tá tudo dando errado e que tou chorando até dormir todo dia. Mas é exatamente o contrário. Se segura pro momento filosófico do post.

Aquele papo de “expectativa leva ao desapontamento” parece papo de pessimista, mas na verdade tem um viés inacreditavelmente positivo, que é o de tirar a sua cabeça do futuro (ou do passado) e botá-la de volta onde importa, que é o presente. Sonhar em estagiar no Google não adianta nada. Arrumar alguém pra te indicar pro Google é que pode fazer toda a diferença. No meu caso não fez, mas mesmo assim eu colhi vários efeitos colaterais da minha mini-obsessão em descobrir como as empresas contratam desenvolvedores. Descobri que tem um monte de empresa que imita o processo do Google. Descobri até que tem livros especializados em preparação para entrevistas de vagas para programadores. Pro meu próximo semestre de co-op, ao invés de chegar esperançoso, eu vou chegar é muito mais bem preparado.

Outro ponto importante é que, depois de levar muita porrada da vida, a gente aprende que sofrimento e infelicidade são duas coisas completamente diferentes. Eu já comentei aqui da Marina Abramovic, que diz que “você não cresce quando está fazendo o que gosta”. Quando fiz todo esse meu movimento de largar tudo e vir pro Canadá recomeçar uma carreira inteira eu não tinha expectativa de que seria fácil. E eu não alimento ilusões de que vai dar certo, por mais que eu trabalhe duro sempre tem um elemento fora do seu controle(2) e não tem nada que você possa fazer se a vida escolher não sorrir pra você. E no fim dela, ainda por cima, você vai estar morto. Então a única alternativa é extrair satisfação do seu próprio esforço, dar o seu melhor todo santo dia, e o que vier daí é isso mesmo, bom ou ruim.

Mesmo porque de vez em quando vem coisa boa. Por exemplo: esta semana eu comecei o meu bendito estágio de servidor público e – surpresa! – eu tou autorizado pela minha chefe a recusar demandas de TI, porque eles contrataram um help desk terceirizado justamente pra isso e querem usar meu tempo pra projetos mais interessantes. Mas, como de costume, não vou criar muita expectativa :)

Posfácio: Deus abençoe a Rainha

Como governo é igual em todo lugar do mundo, hoje é quarta e ainda não terminaram toda a papelada da minha contratação. No entanto já passei por uma etapa bastante importante: diante do meu gestor e de duas testemunhas, eu, solenemente, proferi o seguinte juramento de lealdade:

Eu juro que serei fiel e portarei lealdade verdadeira à Sua Majestade Elizabeth II, Rainha do Canadá, e seus herdeiros e sucessores. Com a graça de Deus.

Sem brincadeira. Isso foi, sem dúvida, a coisa mais fantástica de toda a minha carreira profissional.

(1) GPA significa Grade Point Average – a média das suas notas. A minha é altíssima: 4.3, de um máximo de 4.5. Se eu me formar com essa média eu me formo com “high honors”, inclusive.

(2) Essa semana mesmo, para a mais profunda ironia do destino, deu na imprensa que o Canadá entrou em recessão. Saí da frigideira pra cair na fogueira :)

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luciamalla
3154 days ago
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Mais uma aventura hilária d'o primo.
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Termelétricas: Números Estarrecedores, Crime contra o Clima!

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Sinceridade, mas só em parte. a ex-Humble, hoje Exxon, bem
que podia realmente colocar o quanto de gelo ela é capaz de
derreter, através do CO2 que emite. A conta certamente sur-
preenderia o mais "catastrofista" dos ativistas!
Tive minha atenção chamada hoje por uma imagem compartilhada através da página da People and Climate no Facebook. Eram duas páginas de anúncio de 1962, da Humble, companhia de petróleo que mais tarde veio a se chamar... Exxon! A frase, em tom altissonante, em tradução livre, é "a cada dia a Humble provê energia em quantidade suficiente para derreter 7 milhões de toneladas de geleiras". É um número impressionante, que já mostrava a pujança da antecessora da maior petroquímica dos EUA há 5 décadas, mas parece uma estranha manifestação de "honestidade" da parte de uma das companhias que mais financiam o negacionismo climático hoje em dia. Claro, o que a hoje Exxon queria mostrar é que ela produzir muito petróleo, mas seria interessante que a sinceridade fosse real e ela mostrasse o quanto de geleiras o CO2 por ela emitido efetivamente derrete!

Arrisquei, em algo raro para mim, compartilhar a foto e comentá-la com um "chute", dizendo que à energia "suficiente para derreter 7 milhões de toneladas de geleiras", somavam-se emissões de CO2 que derreteriam "outras tantas" toneladas. O palpite, implícito era de que os efeitos do CO2 acumulado na atmosfera, ao armazenar calor no sistema climático terrestre, seriam comparáveis com a geração de energia pelas próprias fontes fósseis.

Minha cobaia para o cálculo proposto: a termelétrica do
Pecém, o fóssil mais próximo...
Mas... cientista é cientista. Não conseguindo assumir o risco de ser leviano nem mesmo com a indústria fóssil, propus-me efetivamente a fazer as contas. A pergunta que ficou na minha mente era "Quanta energia se acumula no Sistema Terra por causa das emissões de CO2 de uma companhia fóssil em comparação com a energia que ela produz?" e não sosseguei enquanto não obtive respostas, pelo menos da ordem de magnitude.

O cálculo feito é relativamente simples. Usando uma termelétrica a carvão como a do Porto do Pecém, cujas unidades somadas produzem 1080 MW de eletricidade, estimei o quanto de CO2 ela emite ao longo dos 30 anos (tempo mínimo de operação geralmente previsto para uma usina do tipo). Com a potência da termelétrica em mãos e fazendo uma estimativa do calor retido nesse período pelo CO2 acumulado na atmosfera por conta das emissões da usina, comparei os dois resultados. E os números que emergiram foram simplesmente de estarrecer, de surpreender e chocar qualquer um/a. Claro, você pode pular os próximos parágrafos (em azul) se quiser, e ir direto ao final deste artigo. Mas fiz questão de detalhar minhas contas para que qualquer um possa seguir cada estimativa, reproduzir os cálculos por si só e verificar sua correção.

Mega, Giga, Tera, Peta, Exa... socorro! Calma... com esta
tabela esperamos ajudar a quem estiver se atrapalhando
com os números muito grandes que envolvem as
mudanças climáticas! =)
A primeira parte do cálculo é simples: quanta eletricidade uma termelétrica como essa gera? Ora, se sua potência é 1080 MW, isto significa 1,08 bilhões de Joules a cada segundo. Um joule é a aproximadamente a energia necessária para pegar um objeto de 1kg e elevá-lo de 0,1m, ou 10 cm e é uma unidade pequena, mas com essa taxa de produção de energia, em um único dia uma termelétrica como a do Pecém produz quase 93,3 TJ (1 Tera-Joule equivale a 1 trilhão de Joules). E daí em diante tudo pode ser resolvido usando proporcionalidade simples, ou regra de três: em um mês, são 2,8 PJ (1 Peta-Joule é um quatrilhão de Joules); em um ano, 34 PJ; em uma década 340 PJ e, ao final do período de 30 anos, 1,02 EJ (um Exa-Joule são mil Peta-Joules, ou um quintilhão de Joules). Essa é a quantidade de energia elétrica máxima que seria produzida por uma termelétrica de 1080 MW em 3 décadas: 1.020.000.000.000.000.000 Joules.

A segunda parte do cálculo também é relativamente trivial, apesar de ter algum grau de incerteza. De acordo com a UCS(Union of Concerned Scientists), uma usina termelétrica movida a carvão típica emite 3,5 milhões de toneladas de CO2 (mas neste caso eles trabalham com uma usina de 600 MW, bem menor do que a do Pecém, tal que aplicando uma regra de três para 1080 MW chegaríamos a 6,3 milhões de toneladas emitidas anualmente) e conforme a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, a EPA, as termelétricas daquele país emitiram, em média 3,8 milhões de toneladas de CO2 por usina, estimativa bastante próxima à da UCS, mas novamente a termelétrica do Pecém tem dimensões maiores do que a média... Neste link, é indicado que um documento recente, entregue ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) pela Associação Brasileira de Energia Nuclear, baseado em dados europeus, demonstra que termelétricas a carvão emitem de 838 gramas a 1.231 gramas de CO2 por KWh. No caso de uma usina como a do Pecém, com seus 1080 MW, teríamos de multiplicar 1.080.000 kW (1 MW = 1000 kW) por 24 horas num dia por 365 dias num ano, para obter a energia produzida anualmente: 9.460.800.000 kWh. Usando o dado anterior (838 a 1231 gCO2/kWh), obtemos de 7.928.150 a 11.646.245 de toneladas de CO2 por ano! Nós seremos particularmente generosos com a UTE-Pecém, e usaremos um número muito próximo da estimativa inferior desse intervalo: 8 milhões por ano ou 22 mil toneladas de CO2 a cada dia. Ao final de 30 anos de funcionamento uma usina termelétrica do porte da UTE-Pecém pode chegar a emitir, portanto, mais de 240 milhões de toneladas de CO2 (óbvio, alguém pode questionar que nem sempre a termelétrica funciona com potência máxima, mas lembro que isso reduziria, na mesma proporção, o cálculo anterior, de energia gerada)!

Agora vamos considerar o efeito desse gás sendo lançado na atmosfera. A primeira questão aqui é: quanto do CO2 emitido por uma termelétrica permanece no ar? Para isso, vamos usar dois números: um deles, é a porcentagem de CO2 emitido que permanece no ar. conversão de toneladas de CO2. Essa percentagem foi calculada por Le Quéré e colaboradores, que concluíram que "entre 1959 e 2008, 43% das emissões de CO2 permaneceram na atmosfera, em média e o restante foi absorvido por sumidouros nos continentes e oceanos". Apesar de indícios de perda da capacidade de alguns desses sumidouros em absorver CO2 no mesmo ritmo (caso da Floresta Amazônica), seremos novamente otimistas e consideraremos que essa percentagem permanecerá constante. O outro número é a conversão do CO2 emitido, em toneladas, para fração atmosférica, em partes por milhão (ppm). Esse cálculo é também simples, bastando usar a massa total da atmosfera terrestres e chega-se à conclusão de que a cada 2,12 bilhões de toneladas de CO2 emitido, a sua concentração aumenta em 1 ppm, como mostrado neste link e em vários outros. Usando os dados anteriores, conclui-se que a cada dia, a UTE-Pecém (e cada uma das centenas de similares ao redor do mundo) contribui para que a concentração atmosférica de CO2 aumente 0,00000445 ppm. Parece pouco, mesmo considerando um ano (aumento de 0,00163 ppm), em 10 anos (0,0163 ppm) ou ao longo de toda a vida da usina (0,0487 ppm), mas quando lembramos que há alguns milhares de termelétricas em operação no mundo (sendo 2300 a carvão, sendo mais de 600 na China) percebemos o tamanho do estrago que elas podem causar em questão de poucas décadas, pois o CO2 se acumula!

Os cálculos aqui mostrados se referem a UMA termelétrica.
Mas são mais de 2000 delas emitindo CO2 planeta afora.
Pensem, reflitam no tamanho do estrago...
Dando o passo seguinte responderemos à segunda questão, isto é, quanto de energia o CO2 que permanece na atmosfera, oriundo de uma termelétrica, retém de energia no sistema terrestre? Aqui, usaremos uma formulação que é conhecida desde o 3° relatório do IPCC, que é uma maneira simples de estimar a forçante radiativa a partir da concentração de CO2, lembrando que a forçante radiativa nada mais é do que o excesso de energia por unidade de área por unidade de tempo (por isso é dada em Watts por metro quadrado, ou W/m2). A fórmula usa um logaritmo, tal que a forçante é estimada como ∆F = a . ln (C/Co), sendo a = 5,35 W/m2, "ln" representa o logaritmo natural (ou neperiano), e C e Co são concentrações de CO2, a alterada e a original, respectivamente. Sem nos prendermos aos detalhes, o uso de uma simples derivada nos leva à conclusão que, numa atmosfera contendo em torno de 400 ppm de CO2, a forçante radiativa aumenta 0,013375 W/m2 a cada ppm acrescentado. O problema é que a energia acumulada por unidade de tempo requer que multipliquemos esse número pela área... da superfície da Terra! E este é um número grande (4π vezes o quadrado do raio terrestre, cerca de 6400 km, considerando-a como esférica, o que dá 514,7 trilhões de metros quadrados). Daí, espalhado pela atmosfera, cada ppm de CO2 que for acrescentado implicará num aquecimento, em energia por unidade de tempo, de 6.88 TW (trilhões de Watts). Daí, os tímidos 0,00000445 ppm de CO2 acrecentados por uma termelétrica como a UTE-Pecém no primeiro dia de seu funcionamento, nos dão um aquecimento a uma taxa de 30,6 MW, o que ao longo de 24 horas nos daria 2,644 TJ, o que pode ser considerado pequeno comparado aos 93,3 TJ de eletricidade que ela gerou, dando uma falsa sensação de conforto... O problema é que no segundo dia, o novo CO2 emitido se junta ao emitido no dia anterior e o desequilíbrio energético passa a ser de 61,2 MW (de energia em 24h). O aquecimento provocado pela termelétrica no segundo dia é 5,29 TJ. No terceiro dia, é de 7,93 TW, e segue aumentando linearmente, dia após dia, até que com pouco mais de um mês, no 36° dia, o aquecimento do planeta produzido por uma termelétrica já se dá a uma taxa de 1102 MW, maior do que a produção de eletricidade da própria usina. No septuagésimo dia de funcionamento, a Terra terá acumulado mais calor (6,57 PJ) por conta do CO2 emitido por uma termelétrica como a UTE-Pecém do que esta terá produzido de eletricidade (6,53 PJ)! E segue crescendo, crescendo, crescendo...

Ao final do primeiro ano de funcionamento, uma usina como a UTE-Pecém funcionando a pleno terá produzido 34,06 PJ de energia elétrica e o CO2 lançado à atmosfera terá levado ao armazenamento de 176,62 PJ de calor, um valor mais de 5 vezes maior. E como o CO2 se acumula, essa relação só piora: o "prejuízo energético" ao clima acumulado ao final do segundo ano já é mais de 10 vezes maior. Uma década depois de inaugurada, os 340,6 PJ produzidos pela usina serão já irrisórios diante dos quase 18 EJ (lembrando 1 exa-Joule equivale a mil peta-Joules) de calor acumulado pelo sistema Terra devido ao CO2 lançado apenas por essa usina. Ao final dos 30 anos de vida, caso funcione a pleno, uma termelétrica como a do Pecém terá gerado 1,02 EJ (como mostramos anteriormente), mas terá emitido 240 milhões de toneladas de CO2 e levado a um armazenamento de energia no sistema climático terrestre de nada menos que 158,5 EJ.



As figuras a seguir mostram como em 3 meses, 1 ano e 30 anos a relação entre o dano climático e a produção energética associados a uma termelétrica muda, por conta da característica cumulativa das emissões de CO2. Mas resta uma pergunta importante: o que realmente significam 158,5 EJ? Quanto de estrago isso realmente representa no sistema Terra?

Energia gerada por uma termelétrica como a UTE-Pecém
comparada ao aquecimento produzido por suas emissões de
CO2. O efeito do CO2 é cumulativo e ao longo do tempo (3
meses, acima; 1 ano, no meio e 30 anos, abaixo) o "dano
climático" se torna várias ordens de grandeza maior do que
o "benefício elétrico"
Para se ter uma ideia, comecemos com um fenômeno dos mais claramente associados ao aquecimento global antrópico e anunciado pela pré-Exxon: a perda de massa nas geleiras. Como são necessários 343.000 J para derreter 1 kg de gelo, conclui-se que uma única termelétrica, ao longo desses 30 anos, terá gerado eletricidade suficiente para derreter 3 bilhões de toneladas de gelo. Mas o aquecimento global provocado por ela, uma única termelétrica, em unidades de energia, é capaz de derreter 461 bilhões de toneladas de gelo. Dado que o gelo marinho do Ártico tem uma espessura de cerca de 2 a 3 metros, usando o valor intermediário de 2,5 m, e para uma densidade de 0,9167 g/cm3, esta massa equivale a mais de 200.000 quilômetros quadrados de área!

Mas há outras comparações possíveis. Um furacão em média dura 9 dias e a energia cinética (movimento do ar) a ele associada é 0,13 EJ/dia, o que nos dá 1,17 EJ de energia dos ventos ao longo de toda a sua vida. O aquecimento global produzido por uma termelétrica ao longo de 30 anos é capaz de fornecer energia cinética para os ventos de 135 furacões (claro, é importante lembrar que as projeções apontam para uma tendência de formação de furacões mais intensos, ou seja, com mais conteúdo energético, ao invés de o número deles crescer)

Desde 2001, nosso sistema
climático acumulou ener-
gia equivalente à explosão
de quase 1,9 milhões de
bombas de Hiroshima!
Também é razoável estimar a quantidade de água que se pode evaporar com tamanha quantidade de energia. E de novo os números são impressionantes. Como são necessários 2260 kJ para evaporar 1 kg de água, a enorme quantidade de 158,5 EJ é capaz de transformar em vapor incríveis 70,1 bilhões de toneladas de água...

Claro, a maneira como essa energia a mais se distribui no sistema Terra é bem mais complexa do que as comparações feitas aqui, mais para fins didáticos. Mas não custa lembrar que os cálculos foram feitos para uma única termelétrica. Mas há 2300 delas. Hhá inúmeras outras fontes de emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa, dos automóveis ao rebanho bovino, de aeronaves aos resíduos sólidos, do desmatamento ao uso de fertilizantes. A energia extra, acumulada no sistema terrestre, e estimada pelo IPCC no período de 1971 a 2010 em incríveis 273 ZJ (1 zetta-Joule equivale a 1000 exa-Joules, ou um sextilhão de Joules) se distribui em diversos componentes do sistema climático, aquecendo os oceanos superficiais e profundos (mais de 93% desse excedente energético é, na verdade, absorvido pelas massas oceânicas), derretendo geleiras, evaporando maiores quantidades de água dos lagos e reservatórios hídricos, induzindo secas cada vez mais extremadas, ondas de calor cada vez mais insuportáveis e produzindo tempestades mais severas, incluindo superfuracões e supertufões.

Ao final do tempo de "vida" (uma metáfora) o que uma termelétrica produz de morte (sem aspas) é infinitamente maior do que qualquer benefício que se possa imaginar. Os cálculos aqui mostrados apenas evidenciam mais uma vez a irracionalidade das fontes fósseis de energia. Não há alternativa minimamente coerente com o compromisso mais elementar para com o futuro das novas gerações a não ser a decisão de abandoná-las, deixando petróleo, carvão e gás no chão! 

---------
Em tempo, gostaria de registrar que de nossa parte estamos agindo para abrir o debate, o mais amplo e urgente possível, sobre a necessidade de se planejar o fechamento da UTE-Pecém, iniciando esse debate pelo uso abusivo de água pela usina (800 litros por segundo, podendo chegar a 993). Ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará, o "Fórum Ceará no Clima", articulação de movimentos ambientais, ONGs e movimentos sociais, mostrou sua cara. Apesar do "gentil convite" para sairmos do recinto, onde o Governador Camilo Santana realizava um leilão reverso para perfuração de poços profundos, o recado já estava dado. Não descansaremos enquanto não enterrarmos o fóssil!








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luciamalla
3305 days ago
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Cálculo fundamental!
Pelo mundo...
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